Jornalista de Guajará-Mirim entrevista “Urtigão” da Amazônia

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Fabio Marques e “Urtigão” da Amazônia

Ambiente inóspito, cercado de mata selvagem por todos os lados, exposto à doenças tropicais e todos os perigos da floresta, morando em um barraco de lona à beira de um córrego que tem como nascente um açude de uma chácara que se localiza à margem da BR 364 a sete quilômetros do já famoso ponto de parada de viajantes chamado Castelinho. É este habitat que Antônio Henrique Ocaño escolheu para se refugiar da sociedade.
Nascido em San Cristovan, Cuba, descendente de espanhóis, Ocaño residiu nos Estados Unidos onde acabou tendo problemas com a Polícia americana e ficou preso por 27 anos. Ao sair da cadeia resolveu se aventurar pelo mundo. Esteve no México e atravessou a América Latina através do Caribe, Panamá, Venezuela, Guianas até adentrar o Brasil. Passou por Roraima, Amazonas até encontrar seu abrigo no local onde permanece há oito anos. Diz que está ali por motivos místicos e espirituais. Segundo nos informou, está fazendo um estudo científico acerca de almas satânicas de diversas raças humanas. Bruxaria? Ciências ocultas? O cubano preferiu não entrar em detalhes.

Bem informado, Antônio Ocaño possui em sua cabana um rádio a pilha que lhe mantém a par de tudo o que acontece fora de sua redoma. É sabedor que países na África passam necessidades por causa da política de expansão capitalista dos Estados Unidos. “O capitalismo não gera igualdade social, o capitalismo só objetiva o lucro para uma minoria e acaba gerando subdesenvolvimento e pobreza no atacado. O subdesenvolvimento subdesenvolve ainda mais quem está subdesenvolvido”, disse em tom de exaltação. Sobre o Governo Dilma, Ocaño afirmou que “os roubos e as sem-vergonhices políticas que existem no Brasil passam de governo para governo e nunca vão se resolver, haja PT, PSDB ou qualquer outro partido no poder”. Ao ser indagado sobre qual tendência política era seguidor, se capitalista ou comunista, foi enfático. “Yo soy nacionalista”.

No ano passado a Rede TV fez uma matéria com o eremita e em seguida descobriu que Antônio tem um irmão que reside em Miami e que reconheceu o irmão sumido há mais de trinta anos. A emissora fez uma proposta para custear passagens e hospedagem para que o engenheiro mecânico Luiz Carlos Ocaño (este seu nome)pudesse reencontrar o irmão perdido na floresta amazônica, mas este temendo por seus problemas cardíacos não teve coragem para fazê-lo. Mas ficou feliz ao saber que o irmão está vivo, embora sobreviva da caridade humana ou da ajuda de pessoas que passam na estrada.

Na época da globalização, da Internet e por conseqüência da interação entre as pessoas, é estranho que ainda exista gente que por motivos diversos, prefere se isolar da sociedade e viver solitário em local ermo. Perguntado por quê leva aquele tipo de vida, Antônio Ocaño fuzilou. “Yo no soy vagabundo. Vagabundo no sabe donde vá. Yo encontre mi lugar”.
Fonte: Portal Guajará / Autor: Fábio Marques

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