Boi Estreladinho encanta a População de Nova Mamoré em suas primeiras apresentações

O cenário foi arrumado. Prontas, as crianças do Boi aguardam pelo início da apresentação. Na plateia, a curiosidade da novidade toma de conta das pessoas. Em alguns minutos, toda a dedicação, disciplina e horas de ensaio em um barracão improvisado na casa de um professor no bairro planalto, o mais carente do nosso município - serão postas à prova.

Este foi o clima que permeou o espetáculo folclórico do Boi-Bumbá Estreladinho, que se apresentou nesse último final de semana na praça da matriz.

A ação foi  dirigida por André Rodrigues e Magno Lima, ex-integrantes dos bois-bumbás Maladinho e Flor do Campo de Guajará-Mirim, que juntamente com o educador Manoel Vieira e a direção da Escola Coronel Jorge Teixeira de Oliveira,  que juntos tiveram a ideia de trazer a cultura folclórica do boi-bumbá ao nosso município.

Quais são os Benefícios que a implantação desse tipo de cultura poderá trazer ao município de Nova Mamoré? Muitos!.
O simples fato de já termos uma opção de cultura há mais para nossas crianças em um município como o nosso que apesar de sempre se orgulhar em ser o segundo maior em rebanho bovino do Estado e o sexto em bacia leiteira, temos hoje também o 2º pior IDH do Estado. Para quem não sabe o que significa isso, O IDH é o Índice criado por um programa da ONU que mede o Desenvolvimento Humano em uma determinada região. O IDH dos municípios vai de 0 a 1: quanto mais próximo de zero, pior o desenvolvimento humano; quanto mais próximo de um, melhor. O índice considera indicadores como o de: longevidade (saúde), renda e educação. Considerando-se esses critérios podemos dizer que Nova Mamoré hoje é o segundo município mais pobre do estado de Rondônia, e para não bastar,  está também na lista dos mais de 1.367 municípios mais pobres do Brasil.

Por que será que toda essa riqueza do nosso município em números de rebanho bovino e bacia leiteria, sempre enfatizada com orgulho por nossos políticos dizendo que: "temos uma economia robusta" centrada na pecuária e no extrativismo vegetal que gira milhões por ano e só tende a crescer.
Porque será então que esses valores nunca refletiram no IDH de Nova Mamoré, aonde há mais de 10 anos ocupava a última colocação em qualidade de vida, e que agora está em segundo pior do Estado.

Ou será que a riqueza do nosso município está apenas com quem tem o maior poder aquisitivo; isto é apenas em quem pode comprar rebanhos de gado e ter sua renda sem se preocupa e poder  ter o privilegio de desfrutar de serviços de boa qualidade como saúde e educação, Privada, Claro!.

Os idealizadores desse Boi muitas vezes tem que tirar recursos dos seus próprios bolsos para custear a desenvolvimento de uma forma de cultura no município, tendo em vista que há muito pouco incentivo nesse setor por parte do poder público.

Além de desenvolver a cultura a educação como forma de arte e a expressão corporal, o Boi estreladinho inicia as crianças e os adolescentes no aprendizado de conhecimentos teóricos sobre o nosso folclore. Elas ainda aprendem na prática a fazer artesanatos, trabalhando no preparo de suas próprias vestimentas, que ao mesmo tempo enaltecem as boas atitudes, como o respeito à natureza tendo em vista que boa parte da confecção das peças das roupas são feitas de matérias-primas de reciclagem. Isso sem falar que a maioria das crianças que fazem parte desse boi, são oriundas do bairro mais pobre da nossa cidade - O Planalto.

Os problemas de Nova Mamoré são muitos e você não precisa ir muito longe para ver esta realidade, basta você ter a boa iniciativa de dar uma "voltinha" pelas ruas do bairro planalto e eu desafio você, claro leitor, a contar a quantidade de usuários que encontrar pelo caminho. Para se ter uma ideia, o que poucas pessoas sabem é que há dados vazados dando conta de que somente nesse bairro, estimasse que há cerca de 35 bocas de fumo.

É justamente ali, no bairro mais carente da nossa cidade que está sendo desenvolvida este tipo cultura folclórica. É são iniciativas como essa que devem ser valorizadas por parte do poder público.

Porque que será que todo o nosso potencial econômico não se traduz em qualidade de vida?
Os dados do PNUD/IDH estão aí para comprovarem o nosso desempenho ínfimo, enquanto que o inverso ocorre em outros municípios geograficamente menores no estado, que dão exemplo de salto na qualidade de vida, como é o caso de Buritis, nosso vizinho próximo que possui o IDH de  0,616,  um dos mais desenvolvidos de Rondônia.

Talvez se os nossos administradores, olhassem um pouco mais para iniciativas como esta, aonde tendem a retirar os jovens da rua e do caminho da criminalidade, Nova Mamoré não seria tão pobre.
Não apenas na cultura, mais também na saúde, renda, longevidade, educação, inclusão social e enfim...

Talvez fosse a hora de pensarmos um pouco sobre quais os caminhos que nossos administradores tomaram no passado e quais deverão tomar no futuro e repensar a política atual. Para podermos pensarmos em uma cidade com mais qualidade de vida para a população.

Por Harlley Rebouças.










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